Acessibilidade digital para pessoas cegas: entenda porque oferecer áudio sintetizado no seu blog não faz tanto sentido e descubra uma solução 4x mais atrativa

Aperte o play acima para ouvir a narração profissional desse conteúdo.

Para entender esse tópico, primeiro, precisamos entender o contexto no qual uma pessoa cega navega na internet.

Basicamente, pessoas cegas contam com softwares de acessibilidade digital para navegar na internet, instalados pela pessoa no computador ou smartphone, ou pode ser uma ferramenta que já faz parte do sistema operacional do próprio dispositivo. Normalmente essa solução é chamada de leitor de tela.

Esses leitores de tela auxiliam pessoas cegas fazendo o que o nome já indica, lendo o que está sendo mostrado na tela, tanto textos como links e botões, por exemplo.

A voz desses leitores de tela é uma voz sintetizada, gerada digitalmente, ou seja, não é uma voz humana de verdade, com emoção, entonação e dicção perfeitas. Mesmo assim, auxiliam bastante seus usuários para que possam usar seus dispositivos e navegar na internet sem precisar da ajuda de outras pessoas.

Dessa forma, quando uma pessoa cega acessa um artigo na internet, seu software de acessibilidade, já presente no dispositivo, irá ler o texto com uma voz sintetizada.

Ou seja, no contexto real, do dia a dia de pessoas cegas que navegam na internet, já existe uma solução proporcionando uma voz sintetizada para narrar conteúdos na internet. E é justamente por isso que se torna redundante oferecer áudio sintetizado no seu blog.

Aprendemos isso conversando diretamente com uma pessoa cega, que nos proporcionou aprendizados valiozíssimos, o Ton.

Como nós queríamos nos aprofundar no assunto ainda mais, o Ton nos ajudou a montar uma pesquisa. O objetivo da pesquisa era confirmar toda a lógica que apresentamos até aqui e descobrir se oferecer narrações humanas, feitas por pessoas de verdade, em artigos de blog, agregaria valor para pessoas cegas que navegam na internet com o auxílio de leitores de tela.

Confira as principais descobertas da nossa pesquisa, que contou com as respostas de 22 pessoas.

  • 81,8% se identificou como pessoa cega
  • 18,2% se identificou como possuindo baixa visão
  • 100% utiliza leitor de tela para navegar na internet

Situação 1: você está navegando na internet usando um leitor de tela e se depara com um player de áudio na página, que oferece uma narração com voz sintetizada.

  • 90,9% continua a ouvir o conteúdo da página com seu próprio leitor de tela
  • 9,1% deixa o leitor de tela de lado e ouve o áudio pelo player com narração sintetizada

Aqui, já confirmamos a lógica apresentada neste artigo.

 

Oferecer uma narração do seu artigo com voz sintetizada será inútil para 91% das pessoas cegas navegando na internet com um leitor de tela.

 

Situação 2: você está navegando na internet com um leitor de tela e se depara com um player de áudio na página, que oferece uma narração com voz humana.

  • 18,2% deixa seu leitor de tela de lado e ouve a narração humana pelo player de áudio
  • 22,7% nunca encontrou um player com narração com voz humana, mas se encontrasse, deixaria seu leitor de tela de lado para ouvir a narração humana
  • 40,9% continua a ouvir o conteúdo da página com seu próprio leitor de tela
  • 18,2% nunca encontrou um player com narração com voz humana, mas se encontrasse, continuaria a ouvir o conteúdo da página com seu próprio leitor de tela

Ou seja, vemos uma preferência de 40,9% dos respondentes por narração humana e, do outro lado, preferência de 59,1% dos respondentes por narração sintetizada com a qual já estão habituados.

Com isso, concluímos que publicar narrações sintetizadas em páginas da internet, com o intuito de agradar pessoas cegas, é praticamente um investimento em vão e quase não faz diferença para pessoas cegas. 

Mesmo assim, inúmeras empresas investem em vozes sintetizadas na expectativa de agradar a pessoas cegas que visitam suas páginas.

Do outro lado, embora as narrações humanas, feitas por pessoas de verdade, tenham um apelo relevante para pessoas cegas ou de baixa visão, essa seria a preferência de 40% dessas pessoas, não sendo a preferência da maioria.

Vale destacar que, como boa parte das pessoas entrevistadas ainda não teve contato com narrações humanas, esse número pode mudar, quanto mais narrações humanas forem publicadas na internet.

Em todo caso, se você tem a expectativa de agradar e engajar pessoas cegas, ou de baixa visão, nem tudo está perdido. Como vimos, mesmo que as narrações humanas não sejam a preferência da maioria, elas agradaram a cerca de 40% do público. Ou seja, atraem mais do que 4x mais pessoas cegas, ou de baixa visão, do que narrações sintetizadas.

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